Cartas do Gestor – Fevereiro 2024

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Prezado(a)s amigo(a)s e investidore(a)s,

A leitura de janeiro dos preços ao consumidor nos EUA foi o maior determinante do comportamento dos mercados globais de juros em fevereiro. A inflação acima do esperado mostrou a fragilidade das avaliações feitas com base em dados de curto prazo (entre as duas divulgações mais recentes, a média de três meses anualizada do core PCE deflator, usado pelo Fed, saltou de 1,6% para 2,6%) e fez com que o mercado passasse a precificar a taxa dos Fed Funds no final deste ano a 4,5%, 0,5pp mais alta que ao final de janeiro.

Nos demais países que acompanhamos, com poucas exceções, as mudanças nos fundamentos locais não foram suficientes para que os respectivos mercados de juros descolassem do americano, e vimos um mês de volatilidade atipicamente baixa. A mais notável dessas exceções é o Chile, que dobrou a aposta em uma convergência rápida da inflação à meta, acelerando o ritmo de cortes da taxa básica e endossando uma precificação de mercado de mais cortes até um nível abaixo da taxa dos EUA ainda este ano. A contínua depreciação do peso chileno, na nossa visão, ameaça esse processo de convergência e serve como alerta para outros países emergentes que possam considerar um caminho semelhante.

Outra novidade nos dados preliminares do mês foi uma possível retomada do setor de serviços na Europa, com o PMI do setor em 50 (fronteira entre contração e expansão) pelo primeiro mês desde julho de 2023. Se confirmada, essa inflexão no crescimento pode fazer com que o Banco Central Europeu siga adiando o início do ciclo de corte de juros, que parecia próximo em janeiro.

No Brasil, vale a observação feita acima sobre a volatilidade de dados anualizados de inflação de curto prazo, que desta vez passaram a alimentar a ideia de que o Banco Central possa ter que reduzir o ritmo dos cortes na Selic em breve. Seguimos projetando a inflação (pelo IPCA) de 2024 a 4%, com riscos materiais para um número mais perto de 3,5%, de forma que ainda não vemos ameaçada a trajetória até uma Selic de 9% em meados do ano.

Obrigado,

Luciano Sobral, economista-chefe da Neo.

 

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