Cartas do Gestor – Novembro 2021

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A descoberta da variante Ômicron do vírus da covid-19 lembrou o mundo que ainda é cedo para precificar uma conjuntura econômica com poucas restrições de movimentação. Mesmo antes do anúncio da África do Sul, países da Europa com taxas de vacinação relativamente baixas já enfrentavam aumentos de casos e retorno de medidas de contenção. O roteiro parece similar ao seguido por Israel alguns meses antes, e deve levar os países a intensificarem o esforço pela vacinação, seja apressando doses de reforço ou criando mecanismos para reduzir os grupos que se opõem à vacina.

A convicção de que isso bastará para, nos próximos meses, controlar a transmissão do vírus depende de respostas sobre a nova variante que ainda não estão disponíveis, o que, em parte, justifica o aumento nos prêmios de risco. A volta do otimismo nos mercados parece condicionada a mais indicações de que não retomaremos a dinâmica que levou às distorções acumuladas ao redor do mundo: recuperação desequilibrada da atividade econômica, altas de preços de bens e deterioração fiscal. O cenário consensual para 2022 depende de uma volta progressiva à normalidade, não sem obstáculos, mas, definitivamente, sem grandes recuos.

No Brasil, o mercado usou o mês para digerir o novo panorama fiscal, com o teto de gastos inutilizado, maior orçamento em 2022 e mais definições de política econômica dependendo do resultado das eleições presidenciais. Com este pano de fundo e considerando a inflação ao redor de 10% neste ano, parece estar ficando claro para o mercado e para o Banco Central que uma convergência do IPCA para o centro da meta em 2022 é impossível, o que parece ter levado à quebra da correlação que perdurou durante todo ano entre inflação esperada e juros futuros.

O aperto nas condições financeiras já produziu uma queda significativa nas projeções de crescimento para o próximo ano, o que deve ajudar a reverter a alta nos núcleos de inflação. Os juros mais altos também parecem ter servido para reduzir a vulnerabilidade do real, que passou a oscilar menos contra o dólar com relação às moedas de outros emergentes. Terminando o ano com o orçamento de 2022 definido e juros reais novamente entre os maiores do mundo, o Brasil parece caminhar para uma maior estabilidade no curto prazo – ao menos até as discussões em torno dos candidatos presidenciais e suas plataformas econômicas passarem a aumentar sua influência nos preços de ativos, não antes do segundo trimestre de 2022.

 

Acompanhe os relatórios de gestão da Neo para o mês de novembro de 2021:

Neo Multiestratégia 30

Neo Provectus I

Neo Argo Long and Short

Neo Argo Equity Hedge