Cartas do Gestor – Outubro 2022

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Prezado(a)s amigo(a)s e investidore(a)s,

Talvez o evento mais relevante do mundo em outubro tenha sido o 20º congresso quinquenal do Partido Comunista Chinês, que, como amplamente esperado, renovou o mandato presidencial de Xi Jinping por mais cinco anos e consolidou seu poder sobre o partido/governo. A extensão do seu domínio, refletida nas nomeações para o Comitê Permanente do partido, foi a surpresa para a maioria dos analistas que seguem a política local de perto. Para as melhores fontes que consultamos, esse domínio deve traduzir-se, no campo econômico nos próximos anos, em um distanciamento das políticas pró-mercado que levaram a China da pobreza à renda média em pouco mais de 30 anos.

Além do início de uma discussão sobre o crescimento de longo prazo, o 20º congresso também afastou a possibilidade do fim, no curto prazo, das políticas de “covid zero” pelo país. Os mercados devem esperar, portanto, por uma continuação da economia, sobretudo de serviços, em modo intermitente e um atraso na retomada do crescimento do PIB da base deprimida deste ano.

Outro candidato ao título de evento mais relevante do mês também está ligado à China e também tem potencial de afetar o crescimento de longo prazo daquele país (sem contar as possíveis implicações geopolíticas): o anúncio do governo Biden de restringir a exportação de tecnologia de semicondutores com possíveis aplicações de segurança/militares.

Por ora, a reprecificação do crescimento chinês atingiu as commodities metálicas, que somaram mais um mês negativo a um ano muito ruim (em 2022 até o final de outubro, alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco e chumbo tiveram quedas nos preços em dólares de 20% a mais de 50%). Basta ver o padrão dos preços desses produtos antes do boom de 2003 a 2012 para entendermos o potencial de mudança nos termos de troca e, por consequência, nas contas externas de muitos emergentes nos próximos anos.

No Brasil, o resultado das eleições presidenciais confirmou o favoritismo da oposição, e, mesmo com a margem mais apertada da história dessas eleições no país, uma operação internacional e dos poderes parece ter reduzido o risco de violência e contestação. Como temos destacado, há muito espaço para volatilidade no período de transição, com muitas decisões difíceis necessárias para a construção de uma versão crível do orçamento de 2023 e de uma regra fiscal que valerá pelos próximos anos. Para nós, do mercado financeiro, que especulamos ansiosamente pelo anúncio da nova equipe econômica, uma anedota histórica: Antonio Palocci só foi anunciado Ministro da Fazenda do primeiro governo Lula em 10 de dezembro de 2002.

Obrigado,

Luciano Sobral, economista-chefe da Neo.

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